ÁRVORE

on quarta-feira, 30 de abril de 2008





A árvore é figura do homem e próprio significado seu: porque nela, diz Santo Ambrósio, que há viver e morrer, crescer e decrescer, como no homem. Nela, diz Plínio, que há mocidade e velhice: doenças gerais e particulares, como no homem. Dela, diz Colunela, que padece fome e sede, como o homem e que tanto lhe faz mal a sobejidão do alimento, como a falta dele. Dela, diz Santo Agostinho, que vive enquanto reverdece e morre quando seca e murcha. Plutarco por encarecimento diz que as árvores têm fraqueza e mostram que sentem dores quando lhes quebram ou cortam os ramos. O sol as seca, frios as queimam, névoas lhes fazem mal, quenturas as abrasam, águas as apodrecem, ventos as combatem, tempestades as destroem e enfim muitas coisas lhes são adversas e outras favoráveis, como sucede aos homens. Também se diz das árvores que após admiráveis concebimentos de cada ano, têm fecundos partos com os quais aparecem quando descobrem flores, e então tem cuidado de criar os filhos que dão os frutos maduros e sazonados. As árvores são amigas entre si e folgam com a companhia das outras. Teófrasto diz que assim como o exterior do homem mostra os poucos ou muitos anos que têm, assim as árvores nas aparências mostram sua idade.Por estas e outras razões têm as árvores muita simpatia e semelhança com os homens e metaforicamente são eles significados nelas. Assim diz São Gregório que o homem em sua criação é árvore que cresce, e na tentação folha que se move, e na fraqueza flor que cai. É o homem árvore e por isso em grego se chama Antropos que quer dizer árvore que tem as raízes para cima e os ramos para baixo. (...) »in "Consideração primeira", Tratado das Significações das Plantas, Flores, e Frutos que se referem na Sagrada Escritura, Frei Isidoro de Barreira (Lisboa, 1622) -Grafia actualizada

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