Árvore

on quarta-feira, 30 de abril de 2008



Sou uma
árvore.

Uma árvore que viveu
Na orla da floresta
Estendendo
seus braços
Sobre o caminho.

Sou uma árvore.

Uma
árvore que viu
Vezes sem conta
A fina areia a esgotar-se
Na
ampulheta do tempo
E as registrou,
Uma a uma,
Nos anéis da sua
alma
Para lembrar cada uma das Primaveras,
A época feliz dos sonhos e das
flores
Em que os pássaros vinham,
Em bandos,
Fazer os ninhos
Nos
meus braços.

Sou uma árvore.

Uma árvore que
desanima
Porque subindo em altura
Lhe é cada vez mais penoso
Juntar
forças
Para ir buscar a seiva à terra
E levá-la
Às mãos
distantes.


Sou uma árvore

Uma árvore
Que
morre.

Lenta, lentamente
Morre
À beira do caminho
Porque
os pássaros, pressentindo
O influxo do sangue aos braços
E o gélido torpor
da morte
Levantam vôo
E vão fazer o ninho
Noutras
paragens.

Sou uma àrvore.
Uma àrvore que
morre...

Lenta, lentamente,
Morre.


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